Sinto que tenho uma obrigação, neste Setembro Amarelo, como médico, de falar sobre suicídio, depressão e autoestima neste mês de setembro. Sei que é um tema sensível, mas preciso participar de alguma forma desse movimento, cujo objetivo maior é o de salvar vidas.
Por anos o suicídio vem sendo tratado como tabu. A mídia não dá muita luz ao tema por conta do “efeito Werther”, que comprovou que suicídios se tornam mais comuns quando são divulgados na mídia. Mas me sinto na obrigação de falar sobre isso, já que essa é a quarta causa mais comum de morte entre os jovens brasileiros.
Talvez essa falta de diálogo contribua para o tema continuar um tabu, e faça com que pessoas que estão passando por problemas não procurem ajuda. No meu caso como médico, por exemplo, todo procedimento cirúrgico envolve riscos de alguma forma, que mobilizam uma série de sentimentos como medo, euforia, angústia… O impacto psicológico diante do novo pós-cirurgia, também, pode trazer ansiedade.
A importância da representação do corpo na mente humana é inegável e os desdobramentos posteriores podem trazer uma necessidade de busca pela perfeição, beleza e formas idealizadas. Algumas pessoas são fixadas em seus “defeitos” físicos e, de uma forma mais grave, podem deixar de se relacionar socialmente por isso.
Essa insatisfação constante pode esconder aspectos psicológicos mais sérios que levam a uma ansiedade desmedida devida a uma distorção da imagem corporal. Muitas vezes há um vazio existencial significativo onde a beleza e o desejo de perfeição entram como abafador desse vazio e, como não há perfeição, em casos mais graves pode levar a pessoa a tirar a própria vida pelo objetivo não alcançado.
A primeira coisa que se pensa quando se fala em cirurgia plástica são questões ligadas a beleza estética, mas é muito mais que isso. Se corpo e mente estão juntos e as expectativas são conscientes e alinhadas com a realidade, é sucesso.
Em minha profissão, é imensamente satisfatório contribuir para que um paciente ganhe mais confiança e se sinta mais feliz com quem é. Mas é fundamental ele ser quem é, com todas as suas características individuais, traços marcantes e um corpo que faz dele um ser único! Nada faz sentido se o trabalho envolve tirar sua identidade.
As cirurgias estão cada vez mais modernas, se baseiam em estudos científicos com respaldo das mais respeitadas instituições da área, conta com equipamentos de última geração… Mas ainda assim, sempre será uma cirurgia.
Vale a pena passar por ela? Sim, desde que seja de forma consciente, necessária, segura, com um médico qualificado, responsável e com um paciente com o corpo e a mente saudáveis.
Eu sempre aconselho pacientes a meditar, dançar, fazer atividades artísticas e manuais, cozinhar, fazer exercícios físicos… Toda e qualquer atividade que desacelera a mente, solta o corpo e faz bem! Prevenir doenças é priorizar essa harmonia. É fazer o que nos faz bem. A pandemia me ensinou sobre o quanto a saúde precisa ser vista de maneira integrativa. Por isso, cuide de sua mente, corpo e espírito. Cuide de você. E se sentir que algo está saindo dos trilhos, lembre-se: procure ajuda profissional.
Kommentare